O Parque Natural de Sintra–Cascais

O Parque Natural de Sintra-Cascais

A história do parque Natural de Sintra-Cascais

O território ocupado pelo Parque Natural de Sintra-Cascais (PNSC) foi inicialmente considerado como Paisagem Protegida em 15 de outubro de 1981.

Em 11 de março de 1994 foi reclassificado como Parque Natural (Decreto Regulamentar nº 8/94), para responder à forte pressão urbanística e turística e garantir uma gestão integrada dos valores naturais e culturais.

A reclassificação e o respetivo Plano de Ordenamento (POPNSC)  enquadraram regras de uso do solo, conservação de habitats e articulação com a Paisagem Cultural de Sintra (UNESCO, desde 6 de dezembro de 1995).

Área e geografia

O PNSC abrange 14 583 ha nos concelhos de Sintra e Cascais, estendendo-se da foz do rio Falcão em Sintra (N) à Cidadela/Guia em Cascais (S), combinando serra, arribas, praias e sistemas dunares.

Fauna e Flora

Fauna

Anfíbios e répteis têm presença confirmada e estudada em áreas como Duna da Cresmina, Peninha e Pisão, com destaque para a salamandra lusitânica (Chioglossa lusitanica), espécie sensível e com registos na serra (redescoberta documentada em 2018).

Aves rupícolas nas arribas atlânticas. Nas linhas de água e galerias ripícolas (nas margens dos cursos de água) encontram-se comunidades de libélulas, peixes nativos e aves ripícolas (ver projeto “Ribeiras de Cascais”). Em algumas linhas de água da região verificou-se também a presença da lontra europeia (Lutra lutra), espécie protegida pela Diretiva Habitats, com registos recentes no litoral de Sintra.

Nota: o PNSC integra o Sítio “Sintra/Cascais” da Rede Natura 2000 (PTCON0008) o que reforça a proteção de habitats e espécies de interesse comunitário.

Fauna e Flora

Flora

Na área de Cascais, nos sistemas dunares do Guincho-Cresmina, verifica-se a presença de espécies nativas e endémicas litorais, com destaque para a Armeria welwitschii, endémica de Portugal.

Na serra de Sintra e nas encostas húmidas, encontram-se mosaicos de sobreirais, medronhais e carvalhais coexistindo com património botânico introduzido nos parques históricos (Pena, Monserrate).

Conservação

A gestão da área protegida do PNSC cabe ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e envolve a definição e implementação de políticas de conservação através do seu Plano de Ordenamento de Áreas Protegidas (POAP). Esta, faz-se em articulação com as Assembleias e Câmaras Municipais de Sintra e Cascais e com a entidade gestora, a Parques de Sintra Monte da Lua (PSML), que é a concessionária e se responsabiliza pela gestão diária e conservação de uma paisagem com valores naturais e culturais fortemente interdependentes.

A UNESCO classifica Sintra como Paisagem Cultural, Património Mundial, desde 1995. Avaliações e relatórios periódicos têm sublinhado a necessidade de conciliar turismo, urbanização e conservação com planos de gestão específicos para as diferentes zonas: inscrita/tampão/transição.

Principais ameaças

Pressão urbanística e fragmentação do habitat na envolvente urbana e periurbana (tema recorrente desde a criação do Parque e nos dossiês UNESCO).

Espécies exóticas invasoras, sobretudo em dunas e encostas: Acácia longifolia (acácia de espigas) é uma das mais impactantes nos ecossistemas dunares e nas encostas; exige controlo continuado.

Sobrecarga turística e erosão em trilhos, miradouros, arribas e praias, exigindo gestão de fluxos e infraestrutura adequada (sinalização, passadiços, fechos sazonais).

Alterações climáticas: maior risco de incêndio, eventos extremos e stress hídrico para as linhas de água e os anfíbios sensíveis, além de erosão costeira e galgamentos.

Prioridades realistas

Perspetiva de futuro

Restauro ecológico focado em processos.
Continuidade do controlo de invasoras (acácias, hakeas, pittosporum) e restauro ativo de dunas e galerias ripícolas, com monitorização pós intervenção de 3–5 anos.

Rede de trilhos resiliente
Consolidação de trilhos oficiais e fecho/recuperação de atalhos; passadiços em zonas sensíveis (dunas/arribas) e gestão de capacidade de carga em pontos ícones (Cabo da Roca, Ursa, Peninha).
(Baseado em recomendações UNESCO/boas práticas ICNF.)

Água e microrefúgios climáticos
Prioridade a sombras, charcos temporários e conectividade de ribeiras para anfíbios; renaturalização de margens e controlo de poluição difusa.

Articulação natureza–cultura
Gestão integrada com a Paisagem Cultural de Sintra, garantindo que obras e eventos respeitam zonas tampão e de transição definidas nos instrumentos UNESCO e municipais.

Ciência e educação
Expandir programas como “Ribeiras de Cascais” e mapeamento de invasoras (invasoras.pt), envolvendo residentes e visitantes em monitorização e reporting.

Contenção da pressão imobiliária e combate à construção clandestina
A expansão urbana e o crescimento de segundas habitações e empreendimentos turísticos em zonas rurais e florestais são hoje a maior ameaça estrutural à integridade ecológica e paisagística do Parque Natural e à credibilidade internacional da classificação da UNESCO.

A vida do Parque Natural – ideias e indicadores

  • O PNSC abriga mais de 200 espécies de vertebrados, incluindo 33 mamíferos, 160 aves, 12 anfíbios, 20 répteis e 9 peixes de água doce. INE
  • Espécies ameaçadas no PNSC: águia-de-Bonelli (Aquila fasciata) e o falcão-peregrino (Falco peregrinus). INE
  • The world’s protected areas are the life-support systems of the planet. They store carbon, protect water supplies, preserve biodiversity, and inspire people. Nigel Dudley
  • National Parks are the best idea we ever had. Wallace Stegner, Wilderness Magazine 1983