VALORES E CARTA DE PRINCÍPIOS

A Finis Terrae nasce de uma consciência partilhada: o Parque Natural de Sintra-Cascais é um território singular, frágil e ameaçado. A sua salvaguarda exige mais do que boa vontade. Exige compromisso informado, acção organizada e valores firmes.

Esta Carta de Princípios define os valores que orientam a vida interna, a cultura institucional e a acção externa da associação. Não é um código de conduta nem um enunciado genérico. É a expressão da nossa visão sobre cidadania activa, ética e comprometida.

1. Integridade e Propósito

O nosso ponto de partida é o reconhecimento de um propósito comum, claro e inegociável: proteger, cuidar e regenerar o Parque Natural de Sintra-Cascais como um bem comum insubstituível.

Não defendemos apenas paisagens, mas formas de vida. Acreditamos que a regeneração do território deve inspirar-se nos princípios da cooperação, da diversidade, da adaptação e da interdependência.

Todas as nossas decisões, iniciativas e posicionamentos devem ser julgados pela sua fidelidade a esse propósito. Nenhuma agenda pessoal, ideológica ou oportunista pode sobrepor-se à missão da associação.

2. Ética e Responsabilidade

A acção da Finis Terrae assenta numa ética da responsabilidade, perante a Natureza, as gerações futuras, as comunidades e a memória dos lugares. Actuamos com consciência da complexidade das dinâmicas envolvidas, procurando o equilíbrio entre urgência e profundidade, entre acção e reflexão.

3. Território, Bem Comum e Cidadania Activa

Um Parque Natural não é apenas um cenário. É um ecossistema vivo e uma herança cultural. Classificar uma área como protegida é reconhecer que a sua preservação é um interesse colectivo, um bem para toda a sociedade.

Defender o Parque Natural como um bem comum, implica promover a sua integridade e recusar a sua redução a meros instrumentos de rentabilidade.

Não somos simplesmente observadores ou especialistas distantes. Somos cidadãos implicados, com o dever de cuidar, vigiar, propor, regenerar. A nossa acção baseia-se no conhecimento, na escuta, na presença e na perseverança.

Acreditamos que uma democracia saudável exige organizações cívicas exigentes, com voz própria e capacidade de proposta.

4. Governação Participativa e Transparente

A Finis Terrae compromete-se com uma cultura de governação assente na escuta, na transparência e na corresponsabilidade. A Direção lidera com legitimidade e clareza estratégica, a Assembleia Geral decide com liberdade e consciência, os Associados participam com compromisso e ética.

A divergência acontece na pluralidade de ideias, o debate é uma dinâmica necessária e desejável, e a sua orientação deve visar a construção, nunca a fragmentação. O caminho da convergência faz-se pela integração. 3 / 3 ASSOCIAÇÃO FINIS TERRAE . VALORES E CARTA DE PRINCÍPIOS infofinisterrae.pt

A Finis Terrae é um espaço de rigor e liberdade. Defendemos a liberdade de pensamento e de crítica, mas também o dever de estar à altura da missão que nos une. Exigimo-nos mais porque acreditamos que é possível fazer melhor.

5. Coerência e Discrição Institucional

A integridade institucional exige coerência entre o que fazemos, o que dizemos e o que representamos.

A nossa linguagem recusa o vazio retórico, o populismo ambiental e a superficialidade mediática. Procuramos sempre a substância, o rigor dos dados, a clareza nos argumentos. Valorizamos o conhecimento e o trabalho paciente. A pertença à Finis Terrae é um acto de consciência, não de conveniência.

A crítica interna deve ser bem-vinda, mas não se projecta como ruído externo. Cultivamos o debate livre dentro, e a comunicação disciplinada fora. A imagem pública da associação é um bem a proteger, não um palco para afirmações individuais.

6. Memória e Futuro

Actuamos no presente com memória e com visão. O passado deste território ensina-nos o valor da persistência, da beleza e da resistência à destruição. O futuro que desejamos constrói-se hoje, com decisões concretas, com coragem e com fidelidade ao essencial. Recusamos o conformismo.

A nossa esperança é concreta, activa e organizada. Trabalhamos para que este território continue a ser lugar de vida e não apenas de memória.

Junho 2025